O "milestone" do suco de hortaliças

Saturday, December 5, 2015

Esta semana, propositadamente, eu disse "vegetable juice" para o David umas trocentas vezes. Tentei soar o mais "cool beans" possível. E repetir em contextos diferentes.

- Ah vai ter "vegetable juice" e mais isso e aquilo...
- Nossa, meu "vegetable juice" favorito é com cenoura, beterraba e laranja.
- Quer me ajudar a cortar o pepino para o "vegetable juice"?

E para a minha surpresa a reação dele era ainda mais "cool beans" que a minha. Desde que começamos a sucar, há um bocado de anos, houve uma época em que ele me ajudava a fazer o suco, colocar os vegetais e frutas na máquina mas ele nunca tomava um copo cheio. Na sua fase de implicância master com as verdulengas eu evitava chamá-lo para me ajudar e nem ousava proferir "vegetable" que dirá junto com "juice". Quanta heresia...
O tempo foi passando e a sua resistência também. Atualmente tem tomado tudinho e acho até que o feitiço contra o suco passou, pois como leram acima eu agora e finalmente posso dar o nome aos bois feliz da vida, sem ser levada a julgamento. Viva!

Um dos nossos sucos favoritos e que aparece nas fotos: limão, laranja ou maçã, beterraba, pepino e acelga. E um ou outro resto de fruta velha (morango, kiwi, melancia e até mesmo romã).

P.S. Raramente utilizo couve ou espinafre nos sucos como fazia no começo desta jornada e mesmo a acelga com moderação. A couve, assim como todos os vegetais da sua família (crucíferas), deve ser cozida no vapor ou passada na água fervente antes da sua ingestão, pois contém elementos químicos que bloqueiam a produção de hormônios da tireóide quando comida cru, in natura e em excesso. Já o espinafre, as folhas de beterraba e a própria acelga quando ingeridas cruas contém um ácido que inibe a absorção de cálcio e ferro pelo organismo e irritam a boca e o trato intestinal. Bora fazer uso do bom senso e moderação! 


A lancheira do dia

Wednesday, December 2, 2015

Estela descobriu dentro da romã pequenas pérolas e está amando a fruta da estação. Sanduba de atum alface e pepino em pão de grãos germinando, kiwi, chips de batata doce e água fresca.

Em busca de mil entardeceres - Parte 1

Tuesday, December 1, 2015

Eu não sumi não. Foi o tempo que pegou o expresso 2222. Que parte direto de Bonsucesso pra depois. ;-)
A nossa mudança para a Califórnia começou muito antes das crianças nascerem quando a gente morava ainda em Sampa. Começou feito uma oração que se entrega ao universo e que as poeiras da galáxia carregam de um canto ao outro, numa dança cósmica incansável, transformadora, que foi sendo assim bordada com os anéis de saturno...
Na época a gente falava que queria se mudar para a "Visão da Montanha", aqui conhecida por Mountain View, e dava risada. Nesse meio tempo eu terminava Letras e fazia Iniciação ao Linux no Senac, enquanto sonhava com meu pouco provável mestrado sobre o gênero das histórias em quadrinhos / Mangá. Antonio tampouco tinha tempo para respirar ocupado com projetos pessoais, mestrado, aula na pós e consultoria durante o dia.
O universo tinha outros planos e descobrimos que a Estela estava a caminho. "Garota eu vou pra Califórnia" qualquer dia desses. E mestrado, a gente se encontra mais tarde. ;-) Foi uma gestação bastante atípica para uma primeira gravidez. Passei sete meses de repouso. Sim, você não leu sete dias, nem sete semanas não! Nossa vida tomou outro rumo, outras prioridades surgiram e antes da Estela completar um ano a gente já morava em NY!

Onde me encontro

Sunday, February 8, 2015

Quinta-feira passada eu passei a manhã inconformada pela morte do poeta Manoel de Barros. Pensei comigo que se estivesse no Facebook eu provavelmente teria acompanhado tudo sobre a sua passagem. E sem precisar fazer qualquer esforço, como se um nome puxasse o outro, eu fiquei a pensar no meu avô. Também de Campo Grande. *Surfista* das terras vermelhas, dos campos gerais. E fui tomada por uma grande tristeza.

A contemplar o silêncio.

Eu pensei que ele fosse viver pra sempre... Então tomei sentido, depois de teimosa análise, que as águias não vivem para sempre. Nem as tartarugas e baleias. Tampouco os elefantes e lobos. E todas as espécies que transmutam pela terra. E por fim as estrelas. Nem elas.
E foi como um trovão. Um trovão de sangues e células em ebulição que me reviraram por dentro e me colocaram sentada. Queriam que eu me comportasse feito boa moça para eu escutar que a morte não se adia, que ela - em seu estado físico, breve, perene - vem pra todos. Até para a pequena formiga. Mas que o espírito transcende. T r a n s - s e n t e.

Em matéria de se comportar eu bem que me esforço mas depende da gaiola e promessa de vôo. E naquela mesma quinta-feira soube que o meu avô havia sido internado. Soube do que eu já sabia pelas vias do coração. E não por acaso, sincronias poderosas, recebi uma verdade épica em forma de Guimarães Rosa, a seguir.

Páramo

Sei, irmãos, que todos já existimos, antes, neste ou em diferentes lugares, e que o que cumprimos agora, entre o primeiro choro e o último suspiro, não seria mais que o equivalente de um dia comum, senão que ainda menos, ponto e instante efêmeros na cadeia movente: todo homem ressuscita ao primeiro dia.

Contudo, às vezes sucede que morramos, de algum modo, espécie diversa de morte, imperfeita e temporária, no próprio decurso desta vida. Morremos, morre-se, outra palavra não haverá que defina tal estado, essa estação crucial. É um obscuro finar-se, continuando, um trespassamento que não põe termo natural à existência, mas em que a gente se sente o campo de operação profunda e desmanchadora, de íntima transmutação precedida de certa parada; sempre com uma destruição prévia, um dolorido esvaziamento; nós mesmos, então, nos estranhamos. Cada criatura é um rascunho, a ser retocado sem cessar, até à hora da libertação pelo arcano, a além do Lethes, o rio sem memória. Porém, todo verdadeiro grande passo adiante, no crescimento do espírito, exige o baque inteiro do ser, o apalpar imenso de perigos, um falecer no meio de trevas; a passagem. Mas, o que vem depois, é o renascido, um homem mais real e novo, segundo referem os antigos grimórios. Irmãos, acreditem-me.

Não a todos, talvez, assim aconteça. E, mesmo, somente a poucos; ou, quem sabe, só tenham noção disso os já mais velhos, os mais acordados. O que lhes vem é de repente, quase sem aviso. Para alguns, entretanto, a crise se repete, conscientemente, mais de uma vez, ao longo do estágio terreno, exata regularidade – de sete em sete, de dez em dez anos. No demais, é aparentemente provocado, ou ao menos assinalado, por um fato externo qualquer: uma grave doença, uma dura perda, o deslocamento para lugar remoto, alguma inapelável condenação ao isolamento. Quebrantado e sozinho, tornado todo vulnerável, sem poder recorrer a apoio algum visível, um se vê compelido a esse caminho rápido demais, que é o sofrimento. Tenhamo-nos pena, irmãos, uns dos outros, reze-se o salmo Miserere. Todavia, ao remate da prova, segue-se a maior alegria. Como no de que, ao diante, vos darei notícia.

***

Depois que a gente lê um Rosa, fica que nem miserável após ter a fome saciada. Fica em plenitude. Desta vez foi como se a plenitude conversasse comigo. E ficamos assim por dias. E também a morrer um pouco. Dando sentido e sentindo conforme o tempo e o espaço. E com tantas sincronicidades acontecendo eu apenas tentava levar o substrato das coisas e cuidados essenciais para comigo marido casa e os pequenos. Tem sido assim, tenho cozinhado porque é preciso, sem paixão nem curiosidade. O todo o resto segue assim sobe e desce como num vale. O vale das realidades. As notícias que desde então recebi não são boas. E a distância não ameniza nem conforta. Sigo me despedindo aos poucos ainda sem conseguir proferir um "viva" por tudo o que representa em minha vida.

A essência do ser

Na mesma quinta-feira o David insistiu em me contar que dentro de nós mora um "fantasma" que não nos deixa morrer... eu não havia comentado sobre o bisavô ainda e por isso a sua afirmação me causou um grande impacto. Não se discute com ele realmente. Então na segunda-feira quando eu finalmente contei que o bivô estava muito doente ele me disse que ele ia ficar "bem bem bem velho e depois ia virar bebê tudo de novo". Renascimento. Foi o meu filho me dando uma grande lição sobre a vida. E a nossa conversa encerrou por ali com ele pedindo o celular emprestado e eu desejando ter a sua presença de espírito entre uma lágrima e outra.

A lancheira do dia

Thursday, October 2, 2014

A lancheira de hoje estrelando bacon&ovos mexidos, bolo gostoso de abobrinhas e chocolate, pepinos fatiados e frutas. Água para beber.

Vinagre folclórico

Toda boa receita vem sempre acompanhada de uma boa história e sendo assim eu não poderia deixar de registrar aqui este vinagre dos magos. ;-)

O vinagre dos quatro ladrões

Quando a peste negra devastou a cidade de Marselha, no século XVII, diz-se que um bando de ladrões de túmulos *sortudos* escapou do que teria sido uma doença inevitável e posterior morte cobrindo seus corpos e embebendo suas máscaras em um vinagre de ervas com forte propriedades antibactericidas e antivirais. Inicialmente, como conta o folclore francês, ninguém ficou muito preocupado com os ladrões que roubavam as casas das vitimas da peste negra porque os sobreviventes assumiram que a praga inevitavelmente iria infectar e matar os malandros também. Mas isso não aconteceu.
Os ladrões continuaram a assaltar as casas e túmulos dos mortos sem punição até que finalmente foram apanhados no meio de seus atos, julgados e levados para serem queimados na fogueira. Os juízes,  spantados com a imunidade dos ladrões e atitude aparentemente indiferente para com a praga que devastou a comunidade de forma tão severa, ofereceram aos ladrões uma barganha: em troca de contarem a causa de sua imunidade, os ladrões seria enforcados em vez de queimados na fogueira - um final menos brutal e mais rápido. ! Os ladrões concordaram e entregaram a receita para o seu elixir. A lenda continua a crescer desde então. Embora exista muitas receitas para o vinagre dos quatro ladrões, não há como apontar qual seria a receita mais precisa. Acredita-se que a receita escrita por Jean Valnet, um aromaterapeuta renomado e fitoterapeuta do início do século 20, se assemelha à original mais do que qualquer outra. Em sua receita ele faz uso das seguintes ervas: o absinto, filipendula umaria, zimbro, manjericão, sálvia, cravo, angelica, alecrim,  marrubium vulgare e cânfora. Valnet deixa estas ervas em vinagre durante seis semanas antes da decantação.

Para um sabor mais leve eu costumo permitir que minhas ervas fiquem em infusão por cerca de uma semana. Herbalistas contemporâneos costumam usar apenas um punhado de ervas: alecrim, sálvia, lavanda, tomilho e hortelã. Cada detentor fitoterapeuta e ávido conhecedor de ervas deve ter a sua própria versão, e abaixo é a minha. Seja criativo com as ervas da sua horta ou canteiro.

Ingredientes:

De preferência utilize ervas que acabaram de ser colhidas para um melhor aproveitamento das suas potências. Uso as que temos plantadas na fazendinha que geralmente são estas:

2 colheres de sopa de lavanda

2 colheres de sopa de manjericão

2 colheres de sopa de sálvia

2 colheres de sopa de  alecrim

2 colheres de sopa de menta

4 dentes de alho amassados

Vinho branco ou vinagre de maçã para cobrir

Modo de preparo:

Muitos herbalistas usam este vinagre como um produto de limpeza para esterilizar superfícies da cozinha e do banheiro. Outros recomendam usá-lo diluído em água como produto de beleza para a pele pela sua ação adstringente. 
Promessas à parte, adoro usá-lo para temperar carnes e saladas misturando com um bom azeite de oliva.

Algumas receitas recomendam que se corte todas as ervas antes de colocá-las de molho no vinagre. Eu prefiro colocá-las inteiras na garrafa, cobrir com o vinagre e deixar assim bem fechada por uma semana.

No final de uma semana use um coador para colher as ervas e as descarte. Guarde o vinagre fechado em temperatura ambiente.

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